Mãe-deusa, Ana Sérgio

Texto de Ana Sérgio.

Começamos, neste capítulo que diz respeito fundamentalmente à mulher, com a escolha de uma obra da arte europeia que é uma escolha óbvia mas não menos apropriada. Do nada para o mundo, apresentamos a famosíssima pintura de Goustave Courbet, A Criação do Mundo, feita a pedido de um amigo e que andou isolada em coleções privadas, tendo sido popularizada para o público em geral apenas no final do século XX. É hoje uma das imagens mais conhecidas de nu feminino cru. 

A obra seguinte, muito mais antiga, também não podia faltar numa antologia da história do erotismo na representação visual e, em particular, na história da mulher e da fecundidade nas culturas: a famosa Vénus de Willendorf. Figura pequena, do tamanho da palma da mão, tem cerca de 25 mil anos, foi encontrada na Áustria durante o século XX. A referência a Vénus com que a figura foi apelidada reporta apenas ao culto da figura feminina: de facto, longe dos ideais clássicos mais tardios, esta estatueta é inteiramente dedicada ao culto da fertilidade, da mãe-deusa. Pouco mais se sabe acerca desta figura e do tempo em que ela existiu, mas ela ajuda-nos a lembrar como a sexualidade está ligada à produção de prole e, consequentemente, à vida. 

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